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Os novos diagnósticos australianos da HIV atingiram o nível mais baixo de todos os tempos, com o país perto de eliminar as transmissões do vírus. Esse é um legado da resposta eficaz da Austrália que começou há décadas, conforme escreveu o jornalista Gary Nunn para a BBC News.

No final da década de 1980, a Austrália foi saudada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um modelo de prevenção a ser seguido por outros países. Também foi uma das poucas nações que evitou uma epidemia entre usuários de drogas injetáveis – com taxas de cinco a dez vezes menores do que alguns países europeus e partes dos EUA.

As estratégias de HIV/Aids da Austrália no final da década de 1980 foram elogiadas em todo mundo (Foto: Getty Images/Via BBC)

De acordo com especialistas, as infecções entre as trabalhadoras do sexo australianas, por exemplo, eram muito baixas. 50% das pessoas com HIV no mundo são mulheres, já na Austrália, esse número é de apenas 10%.

“[Na época] a rápida introdução de uma política de troca de seringas pelo primeiro-ministro Bob Hawke esteve muito à frente da maioria dos países”, diz Eamonn Murphy, vice-diretor executivo de programas do UNAIDS. “Envolver a população mais afetada, especialmente homens gays, em todos os estágios, desde o projeto e implementação até a avaliação, pesquisa e financiamento, tornou a resposta australiana uma das mais eficazes”, complementa ele.

Nick Cook, autor do livro “Fighting for Our Lives(“Lutando Por Nossas Vidas, em tradução livre), que aborda a colaboração do governo com grupos estigmatizados, diz que a geografia isolada da Austrália contribui para que o vírus chegasse mais tarde no continente.

O primeiro Mardi Gras de Sydney, em 1978, reuniu a comunidade LGBTQ+ (Foto: Getty Images/ Via BBC)

Havia, também, uma comunidade recentemente mobilizada na época, que uniu vários grupos da comunidade LGBTQIA+ em Sydney. Desse modo, um grande número de pessoas passou a se voluntariar e conduzir as pessoas com HIV/Aids em um sistema médico hostil que, nas décadas anteriores, tratava homens gays como doentes mentais, exigindo cura. Eles ainda não sabiam como o vírus era transmitido, mas havia uma sensação enorme de que precisavam agir“, pontua Shirleene. 

De acordo com Eamonn Murphy, a Austrália lançou uma das primeiras implementações de tratamento em grande escala. “Eles o colocaram em seu esquema de benefícios farmacêuticos relativamente cedo, tornando-o gratuito. Eles combinaram a experiência dos pesquisadores e da comunidade, em vez de uma abordagem de cima para baixo. Você não vê isso em outras respostas de saúde pública”, diz o vice-diretor executivo do UNAIDS.

Os resultados, complementa Murphy, falam por si. “A Austrália é um dos poucos países que possui ‘os três 90’: 90% são diagnosticados; 90% destes estão em tratamento e 90% destes têm carga viral indetectável, o que significa que não podem transmitir o HIV sexualmente“.

Em dezembro de 2021, o Kirby Institute relatou o menor número registrado de novos diagnósticos de HIV na Austrália em um ano desde 1984. O diretor de Saúde Sexual da organização de promoção de saúde ACON, Matthew Vaughan, diz que há uma ótima perspectiva para o futuro. “Estamos perto de acabar com o HIV em New South Wales, o Estado mais populoso da Austrália, até 2030“, afirma




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Jornalista gaúcho formado na Universidade Franciscana (UFN) e Especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)