
Mesmo não sendo mais uma sentença de morte, ainda não é fácil falar “tenho HIV”. O medo da violência e de ter a sexualidade posta à prova faz muitos soropositivos, especialmente os heterossexuais, não revelarem seu estado de saúde mesmo para as pessoas mais próximas.
O ator Charles Sheen, que declarou ser portador do vírus HIV somente quatro anos após o diagnóstico, é um exemplo. O astro de Hollywood, que faz o tipo garanhão, omitiu a informação por anos com medo de ter a imagem abalada pelo preconceito. Sua voz tremia enquanto ele contava a verdade na TV americana.
Mas por que ainda existe tanto medo de falar apesar de existirem tratamentos eficazes para combater o vírus?
“Minoria duas vezes”
Para o infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Ricardo Vasconcelos, heterossexuais portadores de infecção pelo HIV enfrentam uma dificuldade dobrada em expor a situação, uma vez que são “minoria duas vezes”.
Minoria porque soropositivos para o HIV são uma pequena parcela da população (em torno de 0,5% da população geral), e minoria heterossexual entre os soropositivos (a maioria dos casos de HIV estão entre os homens que fazem sexo com homens), e isso faz com que sofram um duplo preconceito, explica.
“Infelizmente esse estigma duplo certamente é uma barreira na aceitação do diagnóstico, no processo de revelação dele para o círculo de convivência e na busca do atendimento médico e tratamento”, afirma.
Para Vasconcelos, que atua no Projeto PrEP Brasil, que estuda a implementação do remédio pré-exposição ao vírus no Brasil, os heterossexuais temem ainda que haja a transmissão do HIV para parceiras que podem engravidar.
“Gays não pensam nisso, mas heterossexuais têm um temor a mais na vida. Além de terem um pesadelo recorrente, que é a transmissão do vírus a uma parceira sexual mesmo que casual, existe o medo de infecção da parceira numa situação de tentativa de gravidez. Com um desfecho que seria o pior possível: transmissão do vírus também para o bebê”, afirma.
Mas esse medo pode ser combatido com terapia antirretroviral feita pelo infectado, pois ela controla a circulação do vírus HIV e torna o risco de transmissão insignificante mesmo durante o sexo desprotegido, explica Vasconcelos.
Violência verbal e doméstica
Para Cristina Pimenta, coordenadora de pesquisa do Departamento de DST e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, que estuda o perfil dos soropositivos do país, no Brasil é comum ver pessoas sendo agredidas verbalmente e fisicamente por terem HIV.
“O vírus é uma questão associada a sexualidade porque a sociedade ainda associa o soropositivo aos homens que fazem sexo com outros homens e à promiscuidade na mulher. Sendo que, na verdade, você se infecta por uma relação sexual desprotegida sem interessar o contexto da sua transa”, afirma.
Não é raro pessoas que têm HIV serem agredidas pelos próprios familiares ou por pessoas próximas depois que abrem o jogo. No caso das mulheres há ainda um agravante, algumas sofrem violência doméstica.
“É comum pessoas que são expulsas de casa pelas próprias famílias quando contam. Além disso, a desigualdade de gênero faz a mulher se sentir desprotegida para contar. Algumas são agredidas quando o parceiro fica sabendo, sendo que às vezes foi ele mesmo quem transmitiu o vírus. Infelizmente isso é bem comum no país”, afirma Pimenta.
Fonte: UOL
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