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É possível respeitar o homossexual, mas não aceitar a sua condição?  Aparentemente, boa parte da sociedade brasileira acredita que sim, a julgar pelas opiniões lançadas à exaustão nas redes sociais, em artigos de opinião e em milhares de comentários em sites de notícias e no próprio boca a boca popular.

É possível respeitar o homossexual, mas não aceitar a sua condição?

O clássico “respeito, mas não aceito” não é um fenômeno novo. Porém, a força que tem ganhado nos últimos anos para “aliviar a barra” de quem necessita vociferar sua homofobia aos quatro cantos da Terra, mas, ao mesmo tempo, não quer ser considerado preconceituoso, chega a assustar.

Este jargão já pode ser equiparado ao “até tenho amigos gays” ou ao igualmente clássico “nada contra, mas o que vou dizer aos meus filhos se enxergarem dois homens se beijando?”.

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Há, todavia, um diferencial: o discurso de poder. Até pouco tempo, as vozes opressoras que citavam Levítico Cap.18 vers. 22 (Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação) tinham força para “desmoralizar” a luta LGBT perante a sociedade.

Os tempos mudaram, ainda bem. As lutas das minorias conseguiram trazer muitos adeptos, e com eles, muitos frutos.

A publicidade, o jornalismo, a mídia, os artistas, os escritores, os atores, os ídolos musicais, os movimentos sociais têm, em sua maioria, promovido o respeito e aceitação aos LGBT.

A inércia do Poder Legislativo sobre o tema, fruto de lobby das bancadas conservadoras, foi parcialmente suprida pela atuação do Poder Judiciário.

O Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo¹ e o Conselho Nacional de Justiça já autorizou o casamento entre iguais no país².

Fora isso, a ciência tem feito importantes descobertas que, se não provam em definitivo que alguém nasce gay, pelo menos já derrubam as crenças de que orientação sexual é uma escolha³.

Hoje, a mídia que se comporta de maneira homofóbica é massacrada. Os lideres políticos e religiosos que pregam homofobia são hostilizados (ainda que consigam também muitos adeptos).

Ainda com medo da exposição, tendo em vista os índices alarmantes de violência contra esta minoria, a comunidade LGBT pôde, pouco a pouco, “sair do armário”.

Seja gay, bi, trans, travesti, a onda colorida está nas ruas. O homossexual está aprendendo a se aceitar e se amar como é, com o apoio de aliados que até então ele não tinha.

Não é difícil prever o resultado de tudo isso. O fracasso do uso de uma interpretação seletiva e distorcida da Bíblia, de pesquisas inexistentes, da “anormalidade”, de “Adão e Eva, e não Adão e Ivo” levaram os homofóbicos a utilizarem um de seus últimos argumentos aparentemente racionais: o “respeito, mas não aceito”.

Este argumento, se é que pode ser chamado assim, é um ato de desespero. Desespero de uma parcela da sociedade que ainda não se conformou em saber que o homossexual não está mais lhe pedindo autorização para nada.

Porque tanta ênfase no “mas não aceito”?

Simples. Este grupo de pessoas ainda acha que o homossexual precisa de sua autorização para ser quem é. Que o homossexual vai estar cheio de culpa ao lhe contar sobre a orientação e irá suplicar para que continue a gostar dele mesmo assim, como acontecia há pouco tempo – e, infelizmente, ainda acontece.

O “respeito, mas não aceito” é pura birra. Birra de criança que perdeu o brinquedo em uma aposta e agora quer quebrar todos os brinquedos do amiguinho. É perda de poder, perda de controle.

O “respeito, mas não aceito” é nostalgia de quem quer a volta da época em que, para ser aceito, o homossexual precisaria “compensar o defeito” sendo, no mínimo, um gênio.

Época em que só ídolos como Freddie Mercury e Elton John possuíam “autorização” para serem gays publicamente. Época em que pessoas gordas precisavam ser muito simpáticas ou talentosas para que alguém gostasse delas.

Época em que um homem negro só era respeitado se fosse campeão olímpico.

O “respeito, mas não aceito” é irresignação de quem quer continuar a ter o prazer de “fazer um favor” a um homossexual, aceitando-o e, quem sabe, dando-lhe um emprego. De quem não aceita que perdeu de uma vez por todas a prerrogativa de decidir e/ou permitir sobre a felicidade e a vida alheia.

Respeito é estima, é consideração, é um sentimento positivo para com o outro. Não é possível respeitar alguém tentando o privar de ser quem é ou achando que o homossexual só pode ser ele mesmo “em casa” e, na rua, seguir um padrão imposto pela maioria.

O “respeito, mas não aceito” é aquele cara que diz que anos 80 é que era bom. Já está na hora de entender, seja pelo amor ao próximo ou pela inteligência, que essa época não volta mais.

LUCAS RODRIGUES é graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso e pós-graduando em Ciências Políticas pelo Instituto Cuiabano de Educação. E editor do site MidiaJur.

[1] STF. Supremo reconhece união homoafetiva, http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=178931.Acesso em 23 de agosto de 2015.

[2] Folha de São Paulo. CNJ obriga cartórios de todo o país a celebrar casamento entre gays,http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/05/1278302-cnj-estabelece-casamento-gay-em-todo-pais.shtml. Acesso em 23 de agosto de 2015.

[3] G1. Homem gay tem cérebro feminino, comprova estudo, http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL602802-5603,00-HOMEM+GAY+TEM+CEREBRO+FEMININO+COMPROVA+ESTUDO.html. Acesso em 23 de agosto de 2015.

Fonte: http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=262&cid=240717




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