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O goiano Pedro Melo, 37, recentemente anunciou sua pré-candidatura a vereador na cidade de São Paulo pelo partido Cidadania. Outsider, para ele a renovação na política é questão urgente e traz como pilares de sua campanha a defesa da causa LGBT+, as questões de urbanismo, a promoção da cultura e a economia/geração de emprego e renda.
Com exclusividade, Pedro conversou com a redação do GAY BLOG BR nesta quinta-feira.

Qual a sua formação e trajetória profissional?
Sou advogado, formado pela Universidade Federal de Goiás. Atuei nas áreas civis e imobiliárias no Rio de Janeiro e cursei Pós-Graduação em Processo Civil na Universidade Cândido Mendes (RJ). Depois, em 2008 vim morar em São Paulo. Fui concursado da Polícia Civil como escrivão e Delegado de Polícia. Em 2016 meu pai faleceu e assumi a administração da construtora dele junto do meu irmão, em Goiás. Em 2018 retornei pra São Paulo e mantenho a administração de GO remotamente. Também abri duas franquias de ramos alimentares. Em 2019, me inscrevi para ser aluno do RenovaBR de São Paulo em formação política. Cursei e me formei em junho desse ano. Em março, me filiei ao Partido Cidadania. E decidi iniciar minha carreira política.
E o que motivou a querer se candidatar?
Eu sempre me interessei bastante por política. De 2013 pra cá tenho me indignado bastante com os rumos da política do país e percebi que não bastava apenas reclamar. Era preciso participar. Pensando nisso, conheci o RenovaBR e comecei a cursar. Durante o curso, me apaixonei pelo tema. Acredito que já atuei profissionalmente em várias frentes que aglutinam interesses e me capacitariam para contribuir politicamente. Além disso, uma das principais causas que me fascinam na política é a pauta das minorias, sobretudo a causa LGBT+, da qual faço parte.
E o curso do RenovaBR durou quanto tempo? O que essencialmente forma nos alunos? Sua visão política mudou durante o curso?
O curso durou pouco mais de seis meses. O enfoque foi sobre cidades, vez que as eleições deste ano serão municipais. São ministradas diversas aulas com diferentes temáticas ligadas, desde fundamentos básicos sobre políticas públicas de educação, saneamento básico a estratégias para montar a campanha, por exemplo.
Minha visão política não mudou durante o curso, porém foi aprimorada. O RenovaBR recebe pessoas de todas as matizes ideológicas. Isso enriquece bastante o debate e a troca de experiências entre os alunos. A gente participa de grupos de Whatsapp e aulas presenciais.

Você se define como esquerda, centro, direita?
Meu posicionamento político é de centro-esquerda. Mas eu tenho percebido cada vez mais a importância de políticas públicas no sentido do resgate social e diminuição da desigualdade.
E o partido Cidadania, apareceu como? Você os procurou ou recebeu um convite?
Quando encerrou o curso, eu avaliei quais partidos eu gostaria de me filiar e cheguei ao Cidadania por alguns motivos que considerei muito importantes: ser um partido de centro, não fechar pauta de votação e ser um partido muito atrelado à defesa da democracia e das minorias. Por fim, o Cidadania é o partido mais ligado à defesa dos direitos LGBTs. Nos últimos anos, foi responsável por ingressar ações importantíssimas junto ao STF como por exemplo a criminalização da homofobia, a doação de sangue, dentre outros.

E quais as pautas LGBTs mais importantes no seu ponto de vista?
Uma das quatro principais bandeiras será a causa LGBT. Além dela, pretendo pautar o urbanismo/mobilidade urbana; a cultura e a economia/geração de emprego e renda pós-pandemia. Dentro da causa LGBT, queremos propor políticas públicas principalmente ligadas à empregabilidade e segurança. Daremos um enfoque maior na questão de transexuais, pois são as pessoas mais vulneráveis atualmente.
Tem algum projeto já formatado ou isso é para uma próxima etapa? Como você tem atuado com as suas pautas?
Estou, desde maio, visitando entidades sociais e reunindo com Secretarias da Prefeitura, como a de Direitos Humanos, por exemplo, para conhecer quais são as atuais políticas públicas do município relativas às minhas pautas – o que tem funcionado. E estamos agora elaborando as propostas e debatendo com diferentes setores da sociedade. Pretendo expô-las no lançamento da campanha eleitoral, em 27 de setembro.

Qual você acha que será o desafio nesta campanha? Concorrentes? Fake news? Homofobia?
Nesta campanha temos um cenário totalmente diferente de tudo o que já se viu, em decorrência da pandemia. Estamos isolados. Uma campanha eleitoral se faz entrando em contato com as pessoas, conhecendo as realidades locais. Porém, este ano, não poderemos fazer essa aproximação física. Então esta será uma campanha essencialmente virtual. Soma-se a isso o fato de que, após a mudança da lei eleitoral, pela primeira vez, ela terá a duração de apenas 45 dias. Será, portanto, um enorme desafio acessar pessoas e engajá-las. Sobretudo políticos que nunca concorreram antes, como é o meu caso. Apesar disso, tenho tido uma resposta muito positiva e surpreendente nas redes. As pessoas parecem muito empolgadas com mudanças e pautas que antes eram consideradas tabus estão sendo finalmente debatidas.
E acha que sua semelhança com Rodrigo Santoro pode te favorecer ou teme que possa acontecer algo similar como o caso de Pete Buttigieg?
Jamais, risos. Admiro o Rodrigo Santoro como ótimo ator que ele é, porém não acho que isso me favoreceria e nem acho que somos muito parecidos. Com relação ao Pete Buttigieg, vejo algumas semelhanças comigo, como o fato dele também ser homossexual, gostar de estudar, buscar reformas e avanços legislativos e defender mecanismos de inclusão social. Mas não acho que pode acontecer comigo o mesmo que aconteceu com ele, porque, embora eu seja branco e tenha um certo “padrão normativo”, a minha candidatura busca a representatividade de toda a comunidade LGBT+ e a minha equipe é também diversa e composta por pessoas cis e trans.
Você está noivo do Carlos, aparentemente há muito tempo. O casamento vem? Imagino que você receba muitas cantadas. O relacionamento é tradicional ou a cumplicidade é o que importa?
Eu e o Carlos somos noivos há dois anos. Somos um casal muito feliz e é natural que haja o desejo de nos casarmos em breve. Com relação às cantadas, elas acontecem sim, mas eu acho natural, não acho que seja um problema nem me incomodo com isso. Com relação ao nosso relacionamento, não acreditamos num modelo heteronormativo e somos cúmplices e fiéis ao que combinamos.

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