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O ator Lúcio Mauro Filho (49) recordou sua participação no programa “Zorra Total”, durante a qual obteve sucesso com o esquete “Maurição e Alfredinho”, ao lado doi falecido comediante Jorge Dória. Em uma entrevista concedida ao podcast “Inteligência LTDA.”, no último dia 11 de agosto, o ator ressaltou que, hoje em dia, o personagem seria “cancelado”, mas que ele foi muito importante para sua carreira no início dos anos 2000.

“É evidente que, em virtude de várias considerações atuais, o humor presente naquela situação se tornou desatualizado. Porém, naquele momento, eu sentia um orgulho em relação a isso. Além disso, tive a honra de ser padrinho da banda de Ipanema e de participar do desfile da Parada LGBT aqui em São Paulo, em cima de um trio elétrico…”, relembrou o ator.

O quadro do “Zorra Total” tinha o ator interpretando Alfredinho, um personagem gay estereotipado como afeminado e extravagante, que interagia com seu pai, Maurição, o qual se vangloriava do filho ser “machão”. Ao final do esquete, era comum a repetição do bordão pelo personagem de Jorge Dória: “Onde foi que eu errei?!”.

- BKDR -
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“A experiência que vivenciei com aquele personagem, Alfredinho, foi algo muito especial. Eu frequentava o Maracanã junto à torcida do Flamengo e nunca enfrentei problemas. Era completamente acolhido. Foi o início de uma época de transformações… Estávamos nos estágios iniciais dessa mudança de mentalidade, pois ainda havia muitos preconceitos, inclusive dentro do próprio esquete”, continuou Lúcio Mauro Filho.

Entretanto, Lúcio Mauro Filho destacou a possibilidade de uma interpretação alternativa para a cena clássica: “Havia uma dupla conotação na frase ‘Onde foi que eu errei?’ que se referia a algo mais profundo: ‘Onde foi que eu errei ao não aceitar a orientação sexual de meu filho?’ Não há necessidade de inventar uma série de falsidades. Meu personagem sempre encerrava em posição elevada.”

Humorista Lúcio Mauro Filho sobre sobre personagem gay estereotipado: "ficou desatualizado"
Reprodução

O ESTEREÓTIPO COMO FORMA DE ENDOSSAR O PRECONCEITO

Segundo um estudo realizado pelo psicólogo Gregory M.Herek, resultando no artigo “The Psychology of Sexual Prejudice” (A psicologia do preconceito sexual), mesmo que não haja uma intenção de reforçar a visão negativa da comunidade LGBTQIA+, os personagens gays estereotipados muitas vezes são usados como “alívio cômico“, onde o espectador ri “do” indivíduo LGBT e não “com” o indivíduo LGBT.

O humor acaba reforçando diferenças percebidas, o que contribui para a criação de uma hierarquia entre grupos, acentuando a exclusão e o preconceito. Ou seja, os LGBTQIA+, por serem uma categoria minorizada, estariam em uma posição abaixo aos heteronormativos.

A crítica à representação cômica de personagens gays estereotipados ganha respaldo também da área da comunicação. A professora e pesquisadora queer Jasbir K. Puar em seu livro “Homonacionalismo em tempos Queer” destaca que a apresentação estereotipada de personagens gays contribui para a “heteronormatividade”, normalizando a visão de que a sexualidade heterossexual é a “ideal”.




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