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O Gay Blog Br visitou os bastidores da segunda temporada do programa TransMissão, apresentado por Linn da Quebrada e Jup do Bairro. A nova temporada está prevista para estrear em junho, na Faixa da Meia-Noite do Canal Brasil.

Em nossa visita, pudemos conversar um pouco sobre o trabalho das duas, o filme Bixa Travesty (que deu origem ao programa “TransMissão”) e o prêmio POC AWARDS 2019 por este último filme citado.

Foto: Victor Miller Linn da Quebrada e Jup falam sobre projetos pós-"Bixa Travesti" e 2ª temporada de "TransMissão"
No último dia de gravação da segunda temporada de Transmissão – Foto: Victor Miller

1 – Primeiramente gostaria de parabenizar as duas por terem ganhado o POC AWARDS 2019 na categoria “Manda Vídeo” pelo documentário “Bixa Travesty”! Vocês têm planos para uma próxima produção cinematográfica?

Jup: Vou fazer o lançamento de “Corpo sem Juízo”, que é um EP onde estamos pensando fazer um curta também. Só que ainda está em estágio bem inicial.

- BKDR -
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Linn da Quebrada: Eu participei de um filme chamado “Vale Night” que é totalmente diferente (quando comparado ao Bixa Travesty). Estou ansiosa para ver o que vai resultar, porque é um filme de humor, ficcional e que foge completamente de tudo que eu já fiz até agora. Também estou aberta para novos convites!

2 – Analisando as duas temporadas do programa TransMissão, o que mudou da primeira temporada para cá?

Linn da Quebrada: Acho que nós crescemos. Acho que estamos amadurecendo e entendendo que além de apresentadoras, nós ocupamos um lugar como provocadoras culturais. Me sinto mais madura, mais preparada e ao mesmo tempo mais aberta e “porosa” a esses encontros.

Jup: Mesmo estando mais maduras, ainda acho que é um grande desafio porque estamos falando com pessoas. O mais interessante é que a gente quer criar um pensamento em conjunto com o convidado, queremos saber os limites e principalmente deixar os convidados a vontade para construirmos esse diálogo. Creio que esse é um programa muito mais de conversas do que de entrevistas. A gente quer pegar assuntos e temas e “destrinchar”. Tudo isso pode gerar uma grande euforia de ambas as partes, pode gerar um silencio porque é um “atrito” com o outro. Creio que essa temporada nós duas estamos mais “porosas” quando comparada a primeira.

Bastidores do programa “Transmissão” – Foto: Victor Miller

3 – Vocês sentem que houve algum tipo de evolução da mídia tradicional, como a TV e o Rádio, em relação a esse papel de desconstrução de preconceitos e estereótipos nos últimos tempos? Como vocês comparam a mídia de hoje com de dez/quinze anos atrás?

Jup: Acho complicado falar de “evolução”. A gente não tem uma “invasão direta” de pessoas trans sendo entrevistadoras de programa. Somos exceções. Quando as pessoas trans receberem os mesmos valores de pessoas cis, tiverem a mesma demanda de contratações, aí sim poderemos considerar que estamos evoluindo. Se por um lado é legal ver o pioneirismo de pessoas trans, como aquelas que conseguem um doutorado com nome social; se é uma primeira pessoa trans na câmara das deputados ou na literatura, isso é um momento de orgulho, mas também de preocupação. Se a gente for parar pra pensar, os avanços são contraditórios.

Linn: Acho que essa contradição toda se revela porque os dois movimentos acontecem simultaneamente. Ao mesmo tempo que tivemos muitos avanços em alguns “territórios”, nós temos um retrocesso político de uma conjuntura que evidencia justamente o medo desses que detém o poder ao perceber que nós estamos ganhando território.

4 – Uma outra coisa que vejo vocês lutando muito de classes social. Eu queria saber qual a visão de vocês sobre as diferenças dos desafios de um LGBT+ que é da zona sul do Rio de Janeiro e que vem de uma família de classe média e outro que vem da periferia. Ambos passam por desafios, mas são desafios diferentes…

Linn: Dentro da comunidade LGBT já são desafios diferentes. Se formos pensar nos desafios no que diz respeito a corpos lésbicos, corpos gays, corpos travestis, transexuais, bissexuais, já há diferenças entre todos eles…

Jup: Que se agregam a recortes de raça…

Linn: Que se agregam também a recortes de orientação, gênero, classe social, até geograficamente falando, considerando que as periferias também são diferentes entre si. Quando se fala em diversidade, a gente tem que entender que há diversidade dentro da própria diversidade. Estamos falando de corpos muito singulares. Eu e a Jup estamos em locais parecidos, mas temos corporalidades muito diferentes, com vozes completamente diferentes, com necessidades e urgências singulares. Só que mesmo nessas diferenças, nós conseguimos nos encontrar, produzir um ponto comum e produzir forças conjuntamente, coletivamente. Não só nós, mas com a nossa rede. As diferenças são imensas, são importantes e precisam ser levadas em conta. Mas é importante que seja levada em conta também que mesmo nós todos sendo diferentes, nós podemos nos ajudar ao encontrarmos nossos pontos em comum.

NOVA TEMPORADA

Dirigida por Claudia Priscila e Kiko Gofman, a segunda temporada de TransMissão terá como convidados DJ Renan da Penha, Silvero Pereira, Linikier, Dudu Bertholini, Pedro Bial, Criolo e Dira Paes.

poc awards
Pelo voto popular, troféu Poc Awards 2019 foi para o documentário “Bixa Travesty”, na categoria “Manda Vídeo”

Bixa Travesty é vencedor do Poc Awards 2019

Com 24 categorias, a premiação do POC AWARDS 2019 elegeu os destaques do ano em cinema, música, ativismo, marketing, turismo, personalidade e humor. Entre os vencedores, héteros também ilustram a lista, como Felipe Neto, Titi Müller e Rodrigo Hilbert. Confira a lista no site da Exame.




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Jornalista formado pela PUC do Rio de Janeiro, dedicou sua vida a falar sobre cultura nerd/geek. Gay desde que se entende por gente, sempre teve desejo de trabalhar com o público LGBT+ e crê que a informação é a a melhor arma contra qualquer tipo de "fobia"