No último domingo, o programa Fantástico, da Rede Globo, trouxe a bela reportagem de Drauzio Varella sobre mulheres trans no presídio. Muito importante ver na TV as pessoas aparecerem como são, com suas dores e amores, saudades e alívios, esperanças e conquistas. Não como números, muito menos como “coisas estranhas” que tem algum defeito ou doença. Dignas de respeito, afeto e visibilidade.

Pudemos ouvir de uma delas (Lola), na sua própria voz, que se sente mais livre dentro do sistema penitenciário que fora, visto a transfobia estrutural em nossa sociedade. Um importante tapa na cara, feito de modo leve e sincero, mas que serve para refletirmos sobre a vida das trans, dentro e fora do sistema
Diante dessa emoção, tentei disponibilizar modos que as pessoas escrevessem para uma delas (Suzy) e vimos a dificuldade: a princípio, seria necessária a violência de colocar o nome de registro da reeducanda como destinatário. Diante da força dos relatos, o sistema penitenciário se manifestou e o nome social será respeitado. Muita gente vai escrever, até meninas da Austrália me escreveram, pedindo para auxiliar que suas cartas cheguem.
Mas a visibilidade tem seus efeitos, surgiu gente questionando os agravantes, o tempo e motivo de prisão. Volta a energia desumanizante e vem a tentativa de tornar isso um debate sobre a ressocialização, em cima de números, dados e tempo de pena.
Ao mesmo tempo, na ALESP se debate a questão de pessoas trans no esporte. Outro debate insano, onde tentam tirar da ciência (COI) o debate sobre a influência do organismo e legislar pautada em transfobia.
As consequências? Temos em São Paulo pelo menos três eventos Classe Bronze junto à IAAF (Maratona, Meia Maratona e São Silvestre) que atraem milhares de atletas e turistas. Por exemplo a Maratona Internacional de São Paulo, que está sob as regras do COI e precisa obedecer a critérios de inclusão mais condizentes com regras internacionais. Já foi divulgado pelo site de notícias UOL que há a possibilidade de retirada de importantes competições do circuito internacional caso a nova regra seja impedida de ser efetivada. Nem isso tem conseguido vencer a transfobia do PL 346/19
A lista pode ser enorme. A histeria dos banheiros, nome social nas escolas, que tem sido atacado, entre outros.
Fico a me perguntar se essas pessoas têm contato com pessoas trans, se já foram em suas casas, se já conversaram? A transfobia é uma das formas de preconceito que mais me mobilizam, pois acontece em cima de pessoas que sofrem em grande parte de suas vidas, excluídas da sociedade, educação. Uma tarefa fundamental, da luta contra a transfobia, é essa visibilidade. Mostrar que são pessoas, como nós, e sem nossos privilégios.
Permita-se rir e conhecer outros corações. Aprenda a viver, aprenda a amar as pessoas com solidariedade, aprenda a fazer coisas boas, aprenda a ajudar os outros, aprenda a viver sua própria vida.
– Mario Quintana
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