O antropólogo e diretor do Grupo Gay da Bahia Luiz Mott disse em um artigo no jornal Correio que a entidade começou uma campanha pelo reconhecimento, por parte da Igreja Católica, da santidade do indígena Tibira do Maranhão, “cruelmente executado em São Luiz, por ser homossexual“.
“Esse martírio ocorreu em 1614, poucos meses após a instalação dos franceses no Maranhão: liderados pelo capuchinho Frei Yves d’Evreux, que foram informados da existência de um famoso ‘Tibira’, termo da língua tupi para descrever os índios homossexuais. Na época a sodomia era considerada pela Cristandade ‘o mais torpe, sujo e desonesto pecado’.”

Ainda segundo Mott, “para evitar um temido castigo divino e aterrorizar eventuais futuros amantes do mesmo sexo, ordenaram os capuchinhos a captura e prisão do índio gay, que foi sumariamente julgado, batizado e condenado a morte. Estouraram o Tibira amarrado na boca de um canhão, ao pé do Forte de São Luís, caindo seu corpo estraçalhado na baía de São Marcos, ‘para limpar a nova conquista do abominável e nefando pecado de sodomia’.”
“Tal execução, arbitrária e sem autorização do Papa nem da Inquisição, é detalhadamente descrita e justificada pelo missionário em seu livro História das coisas mais memoráveis acontecidas no Maranhão nos anos de 1613 e 1614, comparando o infeliz índio gay recém batizado com São Dimas, o bom ladrão perdoado por Jesus no Calvário.”
“Ainda visando resgatar a heroicidade do primeiro mártir gay indígena brasileiro, vítima da homofobia religiosa, o GGB está enviando ofício à CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e ao novo Cardeal Arcebispo da Bahia Dom Sergio da Rocha, e de São Luiz, Dom José Belisário, solicitando formalmente que intercedam junto ao Vaticano para a abertura de processo de canonização do Tibira do Maranhão, alegando o precedente do Bom Ladrão, que apesar de seu passado pecaminoso, Jesus o perdoou garantindo-lhe um lugar como santo no céu”.
Com essa campanha, diz o antropólogo, “o Grupo Gay da Bahia pretende igualmente chamar a atenção para os crimes homotransfóbicos que continuam a vitimizar os\as homossexuais e trans no Brasil contemporâneo: 50% dos assassinatos de LGBT do mundo ocorrem no nosso país, um ‘homocídio’ a cada 28 horas. Um total de 280 crimes homofóbicos somente neste ano.”
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